Galizalivre – Assim como a historiografia medieval está a ser submetida a umha funda revisom, a nossa história moderna permanece sob o sino dos «séculos obscuros», esquecendo momentos fulcrais para entender o nosso presente, e outros muitos merecedores de serem recordados e incorporados ao nosso acervo de luitas pola dignidade.
Este é o caso da Insurreiçom dos Galaicos de 1873. Após a proclamaçom da Iª República espanhola sectores mui grandes do povo galego mostram grande descontento polo incumprimento de promessas como a supressom das quintas ou do imposto de consumos. A populaçom camponesa galega foi tradicionalmente hostil à incorporaçom ao exército espanhol, autêntico trauma pessoal e «tributo de sangue» para o povo. Em 1873 há umha chamada a fileiras, e como sempre, a Galiza foi vista como a principal despensa de efectivos. Os conflitos fôrom enormes. Em Val de Orras por volta de 400 labregos rebelam-se e queimam os papeis do recrutamento ondeando bandeiras vermelhas. Para cobrar o imposto de consumos ‑substituído nominalmente polo imposto de capitaçom- Espanha vê-se obrigada a enviar a Guarda Civil, criando graves enfrentamentos nas paróquias de Bainhas e Vimianço, com o resultado de doze mortos e vinte e dous detidos. Em Ribas do Sil as forças do Estado também se enfrentam com uns 300 camponeses que recusavam pagarem a contribuiçom, e na Estrada há um morto e vários feridos. A indignaçom era grande, multiplicando-se este tipo de actos de rebeldia e fugindo a Portugal contingentes de moços que nom queriam morrer por Espanha.
As consignas a favor da independência eram frequentes em jornais como El Federal ou El Adalid. Embora tamisadas pola ideologia cantonalista, tenhem para nós grande valor, e deve-se notar que o sujeito desta independência «cantonal» é sempre a Galiza e nom algumha das suas cidades. Assim no El Deber de Ponte Vedra lemos:
«O dever de todo povo amante da sua honra e das suas liberdades é contestar imediatamente ao berro de independência que os seus irmaos fam desde qualquer ponto. Os federais lançárom o berro de «Cantom ou morte» desde as muralhas de Cartagena. Contestou a Galiza? Nom, por desgraça […] Nom há temor, pois, federais galegos. A honra ou a morte. A morte ou os cantons».
Neste tenso clima o Governo cria um grupo de voluntários francos em junho para combater as guerrilhas carlistas em Lugo e Ourense, a soldo de deputaçons e concelhos. O corpo deixa de lado esta missom e subleva-se em Viana exigindo umha República Federal Intransigente e Social, movimento que passará à história com o nome de Insurreiçom dos Galaicos. Incapazes de estender a insurreiçom, tenhem que fugir do exército espanhol nas acolhedoras terras de Portugal, tradicional refúgio das revoluçons galegas.