Entrevista realizada originalmente en castellano, ponemos primero la versión en galego por respeto al pueblo trabajador galego y a su idioma nacional
Galego
Recentemente, Primeira Linha, partido independentista, marxista-leninista galego realizou o seu 6º Congresso em Compostela, renovando o seu compromisso histórico pola independência e polo comunismo, para a futura República Galega.
Amig@s de Euskal Herria, mas amig@s dos de verdade, desde há anos e em qualquer situaçom, ao invés doutras amizades recentes na Galiza, que até há poucos anos faziam parte do coro inquisitorial que condenava todo que houvesse que condenar, PL e NÓS-Unidade Popular estivérom ao lado do independentismo revolucionário basco, mesmo nos piores momentos, comportando-se com a ética e compromisso mínimos que devem ser exigidos a qualquer comunista.
Boltxe mantivemos umha conversa com umha representaçom do Comité Central de Primeira Linha, para que nos falem do Congresso, dos seus planos de futuro e de como veem a situaçom atual na Galiza, Euskal Herria e no mundo.
B- Em primeiro lugar, vós mesm@s reconhecestes publicamente que este congresso vem após uns convulsos meses de friçons internas que desembocárom numha cisom. Poderíades comentar um pouco que razons políticas havia atrás desses movimentos e que tornárom impossível a sua resoluçom?
PL- Sabemos que é pouco habitual nestes casos fazer umha verdadeira autocrítica pública, pois o mais fácil é limitar-se a culpabilizar quem abandonou o barco polos problemas reais existentes no seu interior. Porém, nós admitimos, com total sinceridade, que a crise que se desenvolveu no nosso partido no ano 2014, culminando com o abandono coletivo de um setor do Comité Central e de várias comarcas do sul da Galiza, foi umha mostra das próprias carências arrastadas durante o processo de construçom do partido, iniciado em 1996 e que hoje continua.
Se analisarmos os motivos concretos, colocados numha Conferência Nacional decorrida a 30 de novembro de 2014 para tentar reconduzir a situaçom de crise, veremos que o setor “crítico” questionava os princípios da organizaçom comunista, concretamente o centralismo democrático. Porém, essas causas concretas eram só a expressom das grandes carências da nossa militáncia e de um modelo que nom fomentou suficientemente a formaçom, a autonomia e a capacidade crítica de cada um e cada umha de nós.
A isso devemos acrescentar a situaçom de crise geral que na Galiza vive a esquerda nacional, que por sua vez remete tanto para o avançado estado de espanholizaçom do nosso país, como para a ofensiva capitalista, que deixou nockeada a maior parte da esquerda europeia.
A nossa abordagem da crise é, portanto, multifacetada, e continuou depois da Conferência Nacional de novembro de 2014 até abril de 2015, quando culminou o 6º Congresso Nacional do nosso partido. Aí analisamos a necessidade de mudar todo o que deva ser mudado no nosso trabalho político. Os princípios que nos trouxerom até aqui mantenhem-se, mas iniciamos umha nova etapa em que devemos retificar para avançar em direçom aos objetivos revolucionários que dam sentido ao nosso projeto político.
B- Nesse sentido, pensades que este congresso encerra estes meses problemáticos?
PL- Seria fácil responder que a crise acabou, mas deverá ser a prática que confirme que isso é assim e ainda é cedo para fazermos umha declaraçom dessas. Nestes meses, tem havido umha abordagem a fundo, um debate e umha profunda autocrítica, assim como umha incorporaçom de novas e novos camaradas ao Comité Central, que permitam umha renovaçom progressiva e ordenada.
Criamos um novo organismo dedicado à autoformaçom para tentar dar conteúdo à autoconsciência e à autonomia militante. O organismo já começou a sua atividade formativa, dirigida ao conjunto da militáncia e a outros setores avançados do movimento popular.
Porém, insistimos, será a prática a que ratifique ou refute a adequaçom dessas e doutras medidas aprovadas, e nom as declaraçons de intençons. A prática mostrará nom só se se produziu a saída dessa crise, mas também a superaçom coletiva das contradiçons no interior do partido e, principalmente, a viabilidade histórica do mesmo.
B- Em qualquer caso, reafirmades os vossos princípios ideológicos e seguides apostando na independência nacional galega e na via insurreccional para construir o Estado socialista…
PL- Nengum desses princípios foi questionado, nem sequer polo grupo que abandonou o partido. Porém, um projeto revolucionário nom se alimenta só de princípios. Deve também articular o movimento popular capaz de protagonizar o processo que conduza à vitória. Deve construir a organizaçom de vanguarda que, nascida do próprio movimento de massas e hegemonizada polo proletariado consciente, situe e atinja os objetivos táticos adequados a cada etapa…
A complexidade do processo excede em muito o puro ativismo.
É preciso fazer leituras acertadas da realidade e ligar a prática política nom só com a teoria, mas também com as aspiraçons do povo. Devemos aprender do próprio processo de transformaçom da realidade, e todo isso sem perder o rumo, o horizonte estratégico, que passa polos princípios que sintetizamos na conquista da Revoluçom Galega. Eis a dimensom do desafio histórico que, como comunistas e como galegos/as, enfrentamos.
B- De Euskal Herria percebem-se movimentos no soberanismo galego difíceis de entender para quem nom vive no vosso país e nom conhece de perto a política galega. Como caraterizades esses movimentos e como pensades que deveria reconfigurar-se o independentismo revolucionário galego?
PL- Como dizíamos antes, a situaçom de incapacidade da esquerda, diante de umha ofensiva capitalista de grandes dimensons e em plena crise generalizada do sistema, é um fenómeno de alcance nacional e internacional. Na Galiza, toda a esquerda (a sindical, a política, a social…) se mostra incapaz de fazer frente a essa ofensiva. As eleiçons deixam em evidência que nem sequer se dam articulado respostas unitárias e de um certo alcance quanto aos objetivos emancipadores, o que passaria por assumir que o capitalismo nom pode ser humanizado nem o Estado de Bem-Estar pré-2008 vai voltar.
O difuso “cidadanismo”, novo rosto do velho reformismo, impregna a imensa maioria de forças e ativistas, nalguns casos sinceramente empenhados na luita social, mas desorientados pola falta de umha força revolucionária que catalise o grande descontentamento existente.
Pola nossa parte, somos autocríticos/as na parte que nos toca pola palpável incapacidade de contribuir para a construçom dessa ferramenta transformadora, revolucionária, hoje mais necessária do que nunca. A nossa proposta atual, dirigida ao conjunto de forças políticas e sociais da esquerda nacional é clara: a construçom de um Pólo Patriótico Rupturista que abra umha nova etapa na luita contra a crise, o que para nós equivale à luita contra o capitalismo.
Frente ao capital monopolístico de rosto espanhol que está a destruir a Galiza, apostamos na soberania, na independência nacional e num Estado galego dirigido pola maioria, com o proletariado como principal esteio na construçom da verdadeira democracia, do socialismo. Umha democracia que só será real se conseguir destruir a infámia patriarcal, mais antiga que o próprio capitalismo, mas hoje perfeitamente imbricado no seu metabolismo.
B- Tal como em quase todo o mundo, o capitalismo tem conduzido a Galiza para umha situaçom tremenda. Poderíades informar um poco acerca da duríssima realidade do dia a dia no vosso país, de como o sistema capitalista espanhol tenta acabar com a vossa naçom?
PL- O processo de destruiçom planificada da Naçom Galega polo projeto imperialista espanhol é o mais antigo dos existentes na Península Ibérica, pois remonta à hegemonia castelhana, antes da existência do atual Estado espanhol, nos mesmos inícios do modo de produçom capitalista em que se produziu o expansionismo da elite dirigente castelhana (século XV). Porém, é claro que foi sobretodo a partir do século XIX, com a reformulaçom desse projeto imperialista na nova etapa do capitalismo industrial, que a ofensiva espanhola contra os povos foi mais efetiva.
A modernizaçom capitalista da Galiza produziu-se da mao dos interesses de umha fraca burguesia galega, integrada no bloco espanhol de classes dominantes. Ao invés do acontecido na Catalunha e em Euskal Herria, nengum setor significativo da burguesia galega apostou na autoconstruçom nacional, o que determinou fortemente o caráter popular, mas também as carências, do nosso movimento de libertaçom nacional.
Vista a falta de interesse burguês na mudança de rumo estratégico para a Galiza, é só o povo trabalhador que pode construir a naçom, ligando o processo de libertaçom nacional com o processo de emancipaçom social.
Pobreza e precariedade (fortemente feminizadas), perda constante de poder aquisitivo da classe trabalhadora, corte de direitos sociais e laborais, privatizaçons, condena à emigraçom para a juventude trabalhadora… todo isso tem um relevo claro na degeneraçom do capitalismo na sua fase de senilidade histórica, também na Galiza.
Porém, a crise capitalista na Galiza tem um conteúdo específico em forma de liquidaçom de tecido produtivo industrial, de limitaçom de qualquer capacidade de decisom soberana por parte do nosso povo. Só a recuperaçom da soberania, em maos do povo trabalhador, o poder de decisom nacional e de classe poderá mudar a sentença de morte imposta e aplicada polo capitalismo espanhol na Galiza.
B- Formades parte do Movimento Continental Bolivariano.
Que avaliaçom fazedes dos últimos acontecimentos que se dam na América, Cuba, Venezuela, as conversas das FARC e o governo colombiano….?
PL- Achamos que a América Latina fai parte da vanguarda internacional dos povos que fam frente à fase de aceleraçom do selvagismo capitalista e imperialista. Cuba cumpriu esse papel durante décadas com o povo no poder, tal como o povo colombiano com umha luita heroica e sustentada nas massas e com expressom também armada contra um poderoso Estado criminoso armado e assessorado polo imperialismo ianque. Hoje a existência da Venezuela Bolivariana incrementa essa frente de resistência dos povos, um processo complexo com avanços e recuos que, pola nossa parte, temos claro que deve ser apoiado em forma de solidariedade irrestrita. A luita contra o imperialismo e contra o capitalismo é umha luita internacional que se expressa nacionalmente.
Nela, como galegos e galegas, aspiramos a cumprir com firmeza e dignidade o papel que nos corresponde.
B- E da situaçom geral do Estado espanhol que oprime a Galiza e Euskal Herria, dessa chamada segunda transiçom, Como vedes todo isto e como credes que pode desembocar?
PL- As situaçons de crise som sempre situaçons abertas e o seu desfecho depende em grande medida da capacidade de incidência dos atores em jogo. É claro que o regime espanhol está em crise e também é claro para nós que os povos das naçons oprimidas por esse regime som atores fundamentais na resoluçom dessa crise.
Achamos que o povo basco exerceu um papel fundamental e heroico durante décadas de luita que merecem todo o nosso reconhecimento e achamos também que, nesta altura, o povo catalám está a mostrar-se como o mais avançado pólo de confronto com o statu quo espanhol. Nom cremos que se poda falar de iminentes processos revolucionários em nengum ámbito dessa prisom de povos chamada Espanha, mas sim de um questionamento sério da sua integridade, o que pode abrir saídas inesperadas para os diversos povos. Se bem a oligarquia espanhola está a demonstrar que sabe gerir os importantes recursos com que conta (económicos, repressivos, mediáticos…) para contornar de maneira favorável à oligarquia a situaçom de crise, a situaçom continua aberta e existe margem para o avanço das posiçons revolucionárias…
B- Pensades que as nossas naçons e o resto dos povos oprimidos poderám forçar o estado a que reconheça as nossas realidades nacionais num prazo de tempo razoável?
PL- Devemos admitir que, no caso galego, as condiçons som especialmente difíceis, já que o movimento soberanista e independentista atravessa umha crise de identidade e o espanholismo “de esquerda” conseguiu cooptar umha parte desse movimento. Nom esqueçamos que um “pedaço” do que até há pouco era o BNG (hoje Anova), junto a algumhas forças ditas independentistas, como a FPG, estám hoje integradas em aventuras de suposta “unidade popular” com a esquerda reformista espanhola, verdadeira beneficiária dessa onda etiquetada como “cidadanista”. O seu discurso e a sua prática é a de que a soberania galega deve ser adiada em favor da prioridade dos direitos sociais; umha dissociaçom impossível que, curiosamente, as diferentes expressons da esquerda espanhola nom aplicam no seu discurso nem na sua atuaçom política no contexto de crise, quando reclamam a “soberania espanhola” frente a poderes como a troika, a TTIP ou a Uniom Europeia.
Por outra parte, o BNG parece tam enquistado como sempre em posiçons de puro eleitoralismo, e mesmo assim perdendo influência, apesar de certos avanços na assunçom de posiçons soberanistas até há pouco só defendidas pola esquerda independentista e, concretamente, por NÓS-Unidade Popular e o nosso partido.
Dependerá do resultado dos constantes movimentos que estám a dar-se na cena política e social galega que a crise de identidade atual abra passagem a novas perspetivas para o movimento de libertaçom nacional galego.
Sobre as caraterísticas e contradiçons dos processos basco e catalám, preferimos deixar que sejam os seus e as suas próprias protagonistas que fagam a correspondente análise, pois o nosso conhecimento dessas realidades é insuficiente.
B- Sodes um partido comunista, marxista-leninista, falai-nos da atualidade do marxismo hoje em dia, neste mundo que parece ir para a barbárie que Rosa Luxemburgo anunciou. Porque pensades que o marxismo nom é capaz ainda de tomar o céu por assalto e começar a construir a sociedade com que sonhamos os comunistas? É o reformismo o culpado? Que quota de responsabilidade podemos ter os comunistas?
PL- O assunto é demasiado complexo para o resolvermos numha conversa, mas achamos que, como comunistas, devemos recuperar e estudar Karl Marx e outros clássicoss para compreender o estado atual do sistema e porque ainda nom caiu. Para já, a história tem demonstrado até hoje que o capitalismo nom vai cair de maneira espontánea. Poderá sim degenerar até graus inimagináveis, como está a acontecer, mas a sua superaçom positiva só poderá chegar pola via revolucionária, tal como Marx analisou.
Por outra parte, o resultado das revoluçons desenvolvidas no século XX também parece confirmar que só o pleno desenvolvimento das forças produtivas, como o que hoje existe no capitalismo como sistema mundial, possibilita umha mudança profunda nas relaçons de produçom. As revoluçons do século passado acontecêrom, sem exceçom, em cenários de capitalismo atrasado, enquanto os centros capitalistas mais avançados resistírom e mesmo cooptárom importantes segmentos da classe trabalhadora e das organizaçons revolucionárias, à custa da hiperexploraçom das massas trabalhadoras das naçons do capitalismo periférico.
Agora que as contradiçons inerentes ao sistema capitalista, já vaticinadas polo próprio Marx, ficam à vista de todos e todas de maneira clara e contundente no centro mesmo do sistema, abre-se umha fase em que corresponde à classe trabalhadora assumir a sua responsabilidade histórica de revolucionar as relaçons sociais de produçom. Será isso, ou um recuo sem fim nas condiçons de vida e existência da maioria, como já estamos a observar e padecer em todo o planeta.
A situaçom é aberta e o resultado nom está escrito. O modo de produçom capitalista é só um dos cinco que já configurárom as sociedades humanas ao longo da história (primitivo, escravista, asiático, feudal e capitalista) e, tal como os quatro anteriores fôrom, este também pode ser superado. O papel dos povos será determinante na hora de verificar um aprofundamento da barbárie capitalista a que já assistimos ou a sua superaçom, construindo umha nova sociedade que dê começo ao que Karl Marx definiu como “o início da história humana”: o comunismo.
B- Queremos terminar esta entrevista perguntando-vos por Euskal Herria, polo nosso país. Que avaliaçom fazedes da situaçom em geral de Euskal Herria e dos acontecimentos que se tenhem dado nos últimos quatro anos?
PL- Como dixemos, o nosso conhecimento da realidade basca é insuficiente. Achamos que é obrigatório fazer público reconhecimento da longa luita protagonizada durante longos anos polo povo trabalhador basco pola sua libertaçom nacional e social e esperamos que saiba encontrar o caminho certo para empurrar na direçom descrita, que conduza à plena emancipaçom humana também em terras bascas.
Bem, pois obrigados polo tempo que nos destes e polas respostas. Só nos resta desejar-vos êxitos na vossa aposta política e lembrar umha vez mais que tanto a Galiza como Euskal Herria somos povos oprimidos polo Estado fascista espanhol, somos povos trabalhadores unidos polo internacionalismo e que, sem dúvida, nom demoraremos demasiado a ser naçons livres construindo o socialismo. Obrigados! Eskerrik asko!
Castellano
Recientemente, Primeira Linha, partido independentista, marxista-leninista galego realizó su 6º Congreso en Compostela, renovando su compromiso histórico por la independencia y por el comunismo, para la futura República galega.
Amig@s de Euskal Herria, pero amig@s de los de verdad, desde hace años y en cualquier situación, al contrario de otras amistades recientes en Galiza, que hasta hace pocos años formaban parte del coro inquisitorial que condenaba todo que hubiera que condenar, PL y NÓS-Unidade Popular estuvieron al lado del independentismo revolucionario vasco, incluso en los peores momentos, comportándose con la ética y compromiso mínimos que deben ser exigidos a cualquier comunista.
Boltxe mantuvimos una conversación con una representación del Comité Central de Primeira Linha, para que nos hablen del Congreso, de sus planes de futuro y de cómo ven la situación actual en Galiza, Euskal Herria y en el mundo.
B- En primer lugar, vosotros mism@s reconocisteis públicamente que este congreso viene después de unos convulsos meses de fricciones internas que desembocaron en una escisión. ¿Podríais comentar un poco que razones políticas había detrás de esos movimientos y qué hizo imposible su resolución?
PL- Sabemos que es poco habitual en estos casos hacer una verdadera autocrítica pública, pues lo más fácil es limitarse a culpabilizar a quienes abandonaron el barco por los problemas reales existientes en su interior. Sin embargo, nosotros admitimos, con total sinceridad, que la crisis que se desarrolló en nuestro partido en el año 2014, culminando con el abandono colectivo de un sector del Comité Central y de varias comarcas del sur de Galiza, fue una muestra de las propias carencias arrastradas durante el proceso de construcción del partido, iniciado en 1996 y que hoy continúa.
Si analizamos los motivos concretos, planteados en una Conferencia Nacional transcurrida el 30 de noviembre de 2014 para intentar reconducir la situación de crisis, veremos que el sector “crítico” cuestionaba los principios de la organización comunista, concretamente el centralismo democrático. Sin embargo, esas causas concretas eran sólo la expressión de las grandes carencias de nuestra militáncia y de un modelo que no fomentó suficientemente la formación, la autonomía y la capacidad crítica de cada uno y cada una de nosotros.
A eso debemos añadir la situación de crisis general que en Galiza vive la izquierda nacional, que por su parte remite tanto al avanzado estado de españolización de nuestro país, como a la ofensiva capitalista, que dejó nockeada a la mayor parte de la izquierda europea.
Nuestro abordaje de la crisis es, por lo tanto, multifacetada, y continuó tras la Conferencia Nacional de noviembre de 2014 hasta abril de 2015, cuando culminó el 6º Congreso Nacional de nuestro partido.
Ahí analizamos la necesidad de cambiar todo lo que deba ser cambiado en nuestro trabajo político. Los principios que nos han traído hasta aquí se mantienen, pero iniciamos una nueva etapa en que debemos rectificar para avanzar en direción a los objetivos revolucionarios que dan sentido a nuestro proyecto político.
B- En ese sentido, ¿pensais que este congreso concluye estos meses problemáticos?
PL- Sería fácil responder que la crisis acabó, pero deberá ser la práctica la que confirme que eso es así y aún es pronto para hacer una declaración como esa. En estos meses, ha habido una abordaje a fondo, un debate y una profunda autocrítica, así como una incorporación de nuevas y nuevos camaradas al Comité Central, que permitan una renovación progresiva y ordenada.
Creamos un nuevo organismo dedicado a la autoformación para intentar dar contenido a la autoconciencia y a la autonomía militante. El organismo ya comenzó su actividad formativa, dirigida al conjunto de la militáncia y a otros sectores avanzados del movimiento popular.
Sin embargo, insistimos, será la práctica a que ratifique o refute la adecuación de esas y de otras medidas aprobadas, y no las declaraciones de intenciones. La práctica mostrará no solo se se produjo la salida de esa crisis, pero también la superación colectiva de las contradiciones en el interior del partido y, principalmente, la viabilidad histórica del mismo.
B- En cualquier caso, ¿reafirmais vuestros principios ideológicos y seguís apostando por la independencia nacional galega y por la vía insurreccional para construir el Estado socialista?
PL- Ninguno de esos principios fue cuestionado, ni siquiera por el grupo que abandonó el partido. Sin embargo, un proyecto revolucionario no se alimenta sólo de principios. Debe también articular el movimiento popular capaz de protagonizar el proceso que conduzca a la victoria. Debe construir la organización de vanguardia que, nacida del propio movimiento de masas y hegemonizada por el proletariado consciente, sitúe y alcance los objetivos tácticos adecuados cada etapa…
La complejidad del proceso excede en mucho el puro activismo. Es preciso hacer lecturas acertadas de la realidad y conectar la práctica política no sólo con la teoría, sino también con las aspiraciones del pueblo. Debemos aprender del propio proceso de transformación de la realidad, y todo eso sin perder el rumbo, el horizonte estratégico, que pasa por los principios que sintetizamos en la conquista de la Revolución Galega. He ahí la dimensión del desafío histórico que, como comunistas y como galegos/as, enfrentamos.
B- Desde Euskal Herria, se perciben movimientos en el soberanismo galego difíciles de entender para quien no vive en vuestro país y no conoce de cerca la política galega. ¿Como caraterizais esos movimientos y como pensais que debería reconfigurarse el independentismo revolucionario galego?
PL- Como decíamos antes, la situación de incapacidad de la izquierda, ante una ofensiva capitalista de grandes dimensiones y en plena crisis generalizada del sistema, es un fenómeno de alcance nacional e internacional. En Galiza, toda la izquierda (la sindical, la política, la social…) se muestra incapaz de hacer frente a esa ofensiva. Las elecciones dejan en evidencia que ni siquiera se consigue articular respuestas unitarias y de un cierto alcance en cuanto a los objetivos emancipadores, lo que pasaría por asumir que el capitalismo no puede ser humanizado ni el Estado de Bienestar pre-2008 va a volver.
El difuso “cidadanismo”, nuevo rostro del viejo reformismo, impregna la inmensa mayoría de fuerzas y activistas, en algunos casos sinceramente empeñados en la lucha social, pero desorientados por la falta de una fuerza revolucionaria que catalice el gran descontento existente.
Por nuestra parte, somos autocríticos/as en la parte que nos toca por la palpable incapacidad de contribuir a la construción de esa herramienta transformadora, revolucionaria, hoy más necesaria que nunca.
Nuestra propuesta actual, dirigida al conjunto de fuerzas políticas y sociales de la izquierda nacional, es clara: la construción de un Polo Patriótico Rupturista que abra una nueva etapa en la lucha contra la crisis, lo que para nosotros equivale a la lucha contra el capitalismo.
Frente al capital monopolístico de rostro español que está destruyendo Galiza, apostamos por la soberanía, por la independencia nacional y por un Estado galego dirigido por la mayoría, con el proletariado como principal soporte en la construción de la verdadera democracia, del socialismo.
una democracia que sólo será real si consigue destruir la infamia patriarcal, más antigua que el propio capitalismo, pero hoy perfectamente imbricado en su metabolismo.
B- Como en casi todo el mundo, el capitalismo ha conducido Galiza a una situación tremenda. ¿Podríais informar un poco acerca de la durísima realidad del día a día en vuestro país, de cómo el sistema capitalista español intenta acabar con vuestra nación?
PL- El proceso de destrución planificada de la Nación Galega por el proyecto imperialista español es el más antiguo de los existentes en la Península Ibérica, pues remonta a la hegemonía castellana, antes de la existencia del actual Estado español, en los mismos inicios del modo de produción capitalista en que se produjo el expansionismo de la élite dirigente castellana (siglo XV). Sin embargo, parece claro que fue sobre todo a partir del siglo XIX, con la reformulación de ese proyecto imperialista en la nueva etapa del capitalismo industrial, cuando la ofensiva española contra los pueblos fue más efectiva.
La modernización capitalista de Galiza se produjo de la mano de los intereses de una débil burguesia galega, integrada en el bloque español de clases dominantes. En vez del sucedido en Cataluña y en Euskal Herria, ningún sector significativo de la burguesia galega apostó por la autoconstrucción nacional, lo que determinó fuertemente el carácter popular, pero también las carencias, de nuestro movimiento de liberación nacional.
Vista la falta de interés burgués en el cambio de rumbo estratégico para Galiza, es solo el pueblo trabajador que puede construir la nación, conectando el proceso de liberación nacional con el proceso de emancipación social. Pobreza y precariedad (fuertemente feminizadas), pérdida constante de poder aquisitivo de la clase trabajadora, corte de derechos sociales y laborales, privatizaciones, condena a la emigración para la juventud trabajadora… todo eso tiene un relieve claro en la degeneración del capitalismo en su fase de senilidade histórica, también en Galiza.
Sin embargo, la crisis capitalista en Galiza tiene un contenido específico en forma de liquidación de tejido productivo industrial, de limitación de cualquier capacidad de decisión soberana por parte de nuestro pueblo. Solo la recuperación de la soberanía, en manos del pueblo trabajador, el poder de decisión nacional y de clase podrá cambiar la sentencia de muerte impuesta y aplicada por el capitalismo español en Galiza.
B- Formais parte del Movimiento Continental Bolivariano.
¿Qué valoración haceis de los últimos acontecimientos que se dan en América, Cuba, Venezuela, las conversaciones de las FARC y el gobierno colombiano?
PL- Creemos que América Latina forma parte de la vanguardia internacional de los pueblos que hacen frente a la fase de aceleración del salvajismo capitalista e imperialista. Cuba cumplió ese papel durante décadas con el pueblo en el poder, tal como el pueblo colombiano con una lucha heroica y sostenida en las masas y con expressión también armada contra un poderoso Estado criminal armado y asesorado por el imperialismo yanki. Hoy la existencia de Venezuela Bolivariana incrementa ese frente de resistencia de los pueblos, un proceso complejo con avances y retrocesos que, por nuestra parte, tenemos claro que debe ser apoyado en forma de solidaridad sin restricciones. La lucha contra el imperialismo y contra el capitalismo es una lucha internacional que se expresa nacionalmente. En ella, como galegos y galegas, aspiramos a cumplir con firmeza y dignidad el papel que nos corresponde.
B- ¿Y de la situación general del Estado español que oprime Galiza y Euskal Herria, de esa llamada segunda transición, Como veis todo esto y como creéis que puede desembocar?
PL- Las situaciones de crisis son siempre situaciones abiertas y su resolución depende en gran medida de la capacidad de incidencia de los actores en juego. Parece claro que el régimen español está en crisis y también está claro para nosotros que los pueblos de las naciones oprimidas por ese régimen son actores fundamentales en la resolución de esa crisis.
Creemos que el pueblo vasco ejerció un papel fundamental y heroico durante décadas de lucha que merecen todo nuestro reconocimiento y creemos también que, en este momento, el pueblo catalán está mostrándose como el más avanzado polo de enfrentamiento con el statu quo español. no creemos que se pueda hablar de inminentes procesos revolucionarios en ningún ámbito de esa prisión de pueblos llamada España, pero sí de un cuestionamiento serio de su integridad, lo que puede abrir salidas inesperadas para los diversos pueblos. Si bien la oligarquia española está demostrando que sabe gestionar los importantes recursos con que cuenta (económicos, represivos, mediáticos…) para esquivar de manera favorable para la oligarquia la situación de crisis, la situación continúa abierta y existe margen para el avance de las posiciones revolucionarias…
B- ¿Pensais que nuestras naciones y el resto de los pueblos oprimidos podrán forzar al estado a que reconozca nuestras realidades nacionales en un plazo de tiempo razonable?
PL- Debemos admitir que, en el caso galego, las condiciones son especialmente difíciles, ya que el movimiento soberanista e independentista atraviesa una crisis de identidad y el españolismo “de izquierda” consiguió cooptar una parte de ese movimiento. No olvidemos que uno “pedazo” del que hasta hace poco era el BNG (hoy Anova), junto a algunas fuerzas supuestamente independentistas, como la FPG, están hoy integradas en aventuras de pretendida “unidad popular” con la izquierda reformista española, verdadera beneficiaria de esa ola etiquetada como “ciudadanista”. Su discurso y su práctica es la de que la soberanía galega debe ser aplazada en favor de la prioridad de los derechos sociales; una disociación imposible que, curiosamente, las diferentes expresiones de la izquierda española no aplican en su discurso ni en su atuación política en el contexto de crisis, cuando reclaman la “soberanía española” frente a poderes como la troika, la TTIP o la Unión Europea.
Por otra parte, el BNG parece tan enquistado como siempre en posiciones de puro electoralismo, y aún así, perdiendo influencia, a pesar de ciertos avances en la asunción de posiciones soberanistas hasta hace poco solo defendidas por la izquierda independentista y, concretamente, por NÓS-Unidade Popular y nuestro partido.
Dependerá del resultado de los constantes movimientos que están dándose en la escena política y social galega que la crisis de identidad actual abra paso a nuevas perspectivas para el movimiento de liberación nacional galego.
Sobre las características y contradiciones de los procesos vasco y catalán, preferimos dejar que sean sus propias/os protagonistas quienes hagan el correspondiente análisis, pues nuestro conocimiento de esas realidades es insuficiente.
B- Sois un partido comunista, marxista-leninista, habladnos de la actualidad del marxismo hoy día, en este mundo que parece ir hacia la barbarie que Rosa Luxemburgo anunció. ¿Por qué pensais que el marxismo no es capaz aún de tomar el cielo por asalto y comenzar a construir la sociedad con que soñamos los comunistas? ¿Es el reformismo el culpable? ¿Qué cuota de responsabilidad podemos tener los comunistas?
PL- El asunto es demasiado complejo para resolverlo en una conversación, pero creemos que, como comunistas, debemos recuperar y estudiar a Karl Marx y a otros clásicoss para comprender el estado actual del sistema y por qué aún no ha caído. La historia ha demostrado hasta hoy que el capitalismo no va a caer de manera espontánea. Podrá sí degenerar hasta grados inimaginables, como está sucediendo, pero su superación positiva sólo podrá llegar por la vía revolucionaria, tal como Marx analizó.
Por otra parte, el resultado de las revoluciones desarrolladas en el siglo XX también parece confirmar que sólo el pleno desarrollo de las fuerzas productivas, como el que hoy existe en el capitalismo como sistema mundial, posibilita una cambio profundo en las relaciones de produción. Las revoluciones del siglo pasado sucedieron, sin excepción, en escenarios de capitalismo atrasado, mientras los centros capitalistas más avanzados resistieron e incluso coptaron importantes segmentos de la clase trabajadora y de las organizaciones revolucionarias, a costa de la hiperexplotación de las masas trabajadoras de las naciones del capitalismo periférico.
Ahora que las contradicciones inherentes al sistema capitalista, ya vaticinadas por el propio Marx, quedan a la vista de todos y todas de manera clara y contundente en el centro mismo del sistema, se abre una fase en que corresponde a la clase trabajadora asumir su responsabilidad histórica de revolucionar las relaciones sociales de produción. Será eso, o un retroceso sin fin en las condiciones de vida y existencia de la mayoría, como ya estamos observando y padeciendo en todo el planeta.
La situación es abierta y el resultado no está escrito. El modo de producción capitalista es sólo uno de los cinco que ya han configurado las sociedades humanas a lo largo de la historia (primitivo, esclavista, asiático, feudal y capitalista) y, así como los cuatro anteriores lo fueron, este también puede ser superado. El papel de los pueblos será determinante para que se de una profundización de la barbarie capitalista, a la cual ya estamos asistiendo, o su superación, construyendo una nueva sociedad que dé comienzo a lo que Karl Marx definió como “el inicio de la historia humana”: el comunismo.
B- Queremos terminar esta entrevista preguntándoos por Euskal Herria, por nuestro país. ¿Qué valoraciones haceis de la situación en general de Euskal Herria y de los acontecimientos que se han dado en los últimos cuatro años?
PL- Como hemos dicho, nuestro conocimiento de la realidad vasca es insuficiente. Creemos que es obligatorio hacer público reconocimiento de la lucha protagonizada durante largos años por el pueblo trabajador vasco por su liberación nacional y social, y esperamos que sepa encontrar el camino correcto para empujar en la direción descrita, que conduzca a la plena emancipación humana también en tierras vascas.
Bien, pues gracias por el tiempo que nos habeis dado y por las respuestas. Sólo nos queda desearos éxitos en vuestra apuesta política y recordar una vez más que tanto Galiza como Euskal Herria somos pueblos oprimidos por el Estado fascista español, somos pueblos trabajadores unidos por el internacionalismo y que, a buen seguro, no tardaremos demasiado a ser naciones libres construyendo el socialismo. Obrigados! Eskerrik asko!