Umha aná­li­se da refor­ma labo­ral (Revis­ta a 30-08-2010) – Dia­rio Liberdade

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Pri­mei­ra Linha – Publi­ca­mos nova­men­te o docu­men­to ela­bo­ra­do polo Comi­té Cen­tral do nos­so Par­ti­do que ana­li­sa a nova refor­ma labo­ral do governo Zapa­te­ro acres­cen­tan­do as modi­fi­caçons acor­da­das nas comis­sons de tra­balho tan­to do Con­gres­so como do Sena­do do Esta­do espanhol duran­te os meses de Julho e Agosto.

No pas­sa­do 16 de Junho, o Con­selho de Minis­tros espanhol apro­va­va o Real Decre­to-Lei sobre Medi­das Urgen­tes para a Refor­ma do Mer­ca­do de Tra­balho, que pos­te­rior­men­te seria con­va­li­da­do polo pleno do Par­la­men­to para ser tra­mi­ta­do como pro­jec­to de lei polo pro­ce­di­men­to de urgên­cia, com os votos a favor do PSOE e a abs­te­nçom de Par­ti­do Popu­lar. Duran­te os dous últi­mos meses após a apro­vaçom de Junho, vemos como nas pos­te­rio­res reunions da comis­som rea­li­za­das em Julho e Agos­to, a refor­ma foi «endu­re­ci­da» em relaçom à pro­pos­ta apro­va­da inicialmente.

O governo espanhol punha assim fim, polo menos tem­po­ra­ria­men­te, a um lon­go pro­ces­so de nego­ciaçom «social» duran­te o que CCOO e UGT esmo­lá­rom de for­ma indig­na ante o patro­na­to um acor­do que lhes per­mi­tis­se jus­ti­fi­car meses de con­ver­sas e de inaniçom ante as con­tí­nuas agres­sons no qua­dro da cri­se capitalista.

O governo Zapa­te­ro apro­va­va a sex­ta refor­ma labo­ral des­de que no ano 1984, tam­bém o PSOE, abor­da­ra a pri­mei­ra refor­ma do Esta­tu­to dos Tra­balha­do­res, pro­mul­ga­do qua­tro anos antes. As cin­co refor­mas labo­rais que se suce­dê­rom entre os anos 1984 a 2006 tivé­rom um deno­mi­na­dor comum. Enquan­to os seus impul­so­res as defen­diam afir­man­do que cria­riam empre­go e, as qua­tro últi­mas, redu­zi­riam a tem­po­ra­li­da­de, os seus resul­ta­dos fôrom bem dife­ren­tes. Todas, sem exce­pçons, agra­vá­rom a pre­ca­ri­zaçom dos direi­tos e a depau­pe­raçom das con­diçons labo­rais da clas­se trabalhadora.

Ache­ga algo dife­ren­te a sex­ta refor­ma labo­ral? Ao con­trá­rio. Como vere­mos, a refor­ma apro­va­da por Zapa­te­ro, nom só da con­ti­nui­da­de à linha anti­obrei­ra tra­ce­ja­da des­de a pri­mei­ra refor­ma do Esta­tu­to dos Tra­balha­do­res, tan­to tem que fos­sem impul­sio­na­das polo PSOE ou polo PP, como supom um gra­vís­si­mo sal­to qua­li­ta­ti­vo no que se refe­re ao cor­te dos já enfra­que­ci­dos direi­tos labo­rais que ain­da conservamos.

As medi­das da sex­ta refor­ma labo­ral estám dis­tri­buí­das em qua­tro capí­tu­los que pas­sa­mos a analisar.

1.-Medidas para redu­zir a dua­li­da­de e a tem­po­ra­li­da­de do mer­ca­do de trabalho

Duran­te os últi­mos meses, de for­ma inten­cio­na­da, intro­du­ziu-se um deba­te atra­vés das empre­sas de comu­ni­caçom, sobre a «dua­li­da­de» e a tem­po­ra­li­da­de no mer­ca­do labo­ral espanhol e gale­go. Evi­den­te­men­te nom o figé­rom com a ópti­ca dos intere­ses da clas­se tra­balha­do­ra, e sim para impor a lógi­ca do capi­tal de igua­lar direi­tos por bai­xo. Assim, se @s trabalhadoras/​es inde­fi­ni­dos tinham direi­to a umha indem­ni­zaçom de 45 dias salário/​ano em caso de des­pe­di­men­to impro­ce­den­te, porém @s trabalhadoras/​es tem­po­rá­rios rece­biam, nor­mal­men­te, 8 dias salário/​ano tra­balha­do, pro­ponhem igua­lar a indem­ni­zaçom por bai­xo. Para o con­se­guir, a refor­ma recolhe umha série de medi­das que apon­tam em esta direcçom.

Em pri­mei­ro lugar, poten­cia­li­za-se o con­tra­to inde­fi­ni­do para o fomen­to do empre­go, inde­fi­ni­do pre­cá­rio, com umha indem­ni­zaçom de 33 dias salário/​ano e umha indem­ni­zaçom máxi­ma de 24 men­sa­li­da­des em caso de des­pe­di­men­to impro­ce­den­te, em subs­ti­tuiçom do con­tra­to inde­fi­ni­do usual com indem­ni­zaçom de 45 dias/​ano e um máxi­mo de 42 men­sa­li­da­des em caso de des­pe­di­men­to impro­ce­den­te. O con­tra­to inde­fi­ni­do para o fomen­to do empre­go tinha sido intro­du­zi­do na refor­ma do ano 1997 rea­li­za­da polo governo do PP e, nes­te caso, o PSOE o que fai é alar­gar a casuís­ti­ca em que se pode apli­car este tipo de con­tra­to e que, refor­ma após refor­ma, des­de o ano 1997, já fora aumen­ta­da, inclu­si­ve com o bene­plá­ci­to de CCOO e UGT (Refor­ma Labo­ral ano 2006), fazen­do na prá­ti­ca que o con­tra­to inde­fi­ni­do com indem­ni­zaçom de 45 dias des­apa­reça, emba­ra­te­cen­do por­tan­to o despedimento.

Para­do­xal­men­te, esta medi­da que se apre­sen­ta para «aumen­tar» o núme­ro de con­tra­tos inde­fi­ni­dos, pode na reali­da­de poten­cia­li­zar o empre­go tem­po­rá­rio, já que os con­tra­tos de duraçom deter­mi­na­da pode­rám ser trans­for­ma­dos em con­tra­to de fomen­to da con­tra­taçom inde­fi­ni­da, sem­pre que a duraçom dos mes­mos nom exce­da de seis meses, excep­to para os con­tra­tos for­ma­ti­vos que nom é pre­ci­so. Polo que as empre­sas antes de con­tra­tar de for­ma inde­fi­ni­da median­te esta moda­li­da­de, o mais pro­vá­vel é que optem por con­tra­tos tem­po­rá­rios a modo de perío­do de pro­va para os trabalhadores/​as.

Outro dos aspec­tos tra­ta­dos nes­te capí­tu­lo é o de faci­li­tar ao patro­na­to o des­pe­di­men­to, já que ago­ra as empre­sas pode­rám reco­rrer tan­to a des­pe­di­men­tos colec­ti­vos como indi­vi­duais, ten­do tam só que acre­di­tar a con­co­rrên­cia de cau­sas eco­nó­mi­cas, téc­ni­cas, orga­ni­za­ti­vas ou pro­du­ti­vas e jus­ti­fi­car a exis­tên­cia de ape­nas umha míni­ma base sobre a qual sus­ten­tá-las. Na comis­som par­la­men­tar deco­rri­da a 29 de Julho e após pac­tua­rem o PSOE com o PNV, inclui-se a seguin­te emen­da que per­mi­te ale­gar per­das futu­ras ou dimi­nuiçom de ren­di­men­tos e lucros: «Enten­de-se que con­co­rrem cau­sas eco­nó­mi­cas quan­do dos resul­ta­dos da empre­sa se des­pren­da umha situaçom eco­nó­mi­ca nega­ti­va, tal como a exis­tên­cia de per­das, a dimi­nuiçom rele­van­te de lucros ou a fal­ta per­sis­ten­te de liqui­dez. Para tal, a empre­sa terá que acre­di­tar os resul­ta­dos ale­ga­dos e jus­ti­fi­car que dos mes­mos se dedu­zem a razoa­bi­li­da­de da deci­som extin­ti­va para favo­re­cer a sua posiçom com­pe­ti­ti­va no mer­ca­do.» Na prá­ti­ca, dar abso­lu­ta liber­da­de ao patro­na­to para que em funçom das suas neces­si­da­des reco­rra de for­ma sin­ge­la ao despedimento.

Há que lem­brar que a este tipo de des­pe­di­men­to corres­pon­de umha indem­ni­zaçom de 20 dias de salário/​ano tra­balho e com um máxi­mo de 12 men­sa­li­da­des, polo qual se tra­ta de umha outra medi­da para faci­li­tar o des­pe­di­men­to em con­diçons mais favo­rá­veis para o patro­na­to. Nes­te sen­ti­do, con­vém lem­brar que no ano 2009 e segun­do os pró­prios dados ofe­re­ci­dos polo governo de Zapa­te­ro, hou­vo 744.000 pes­soas des­pe­di­das com con­tra­to inde­fi­ni­do, dos quais 79% fôrom sem cau­sas e por­tan­to reconhe­cen­do a improcedência.

Des­te jei­to, em todos estes casos e jus­ti­fi­can­do mini­ma­men­te as medi­das téc­ni­cas, eco­nó­mi­cas ou orga­ni­za­ti­vas que se apli­cam nes­ta nova refor­ma, pode­ria supor para a empre­sa um afo­rro, como míni­mo de mais de 55% (qua­se 75% fai uso dos FOGASA) das indem­ni­zaçons pagas aos trabalhadores/​as rela­ti­va­men­te ao que rece­biam antes da reforma.

Além do dito, outra das medi­das que evi­den­ciam o mar­ca­do carác­ter anti-obrei­ro da refor­ma é o paga­men­to por par­te do FOGASA, o Fun­do de Garan­tia Sala­rial, de umha par­te da indem­ni­zaçom nos casos de des­pe­di­men­tos objec­ti­vos, quer colec­ti­vos ou indi­vi­duais, em con­cre­to na quan­tia de 8 dias de salário/​ano sem­pre que o con­tra­to tives­se umha duraçom supe­rior a um ano. É umha medi­da que per­se­gue emba­ra­te­cer mais ain­da o des­pe­di­men­to, fazen­do a clas­se tra­balha­do­ra pagar par­te do seu pró­prio des­pe­di­men­to já que, há que lem­brar, o FOGASA for­ne­ce-se com con­tri­bu­tos gera­dos polos trabalhadoras/​es.

Para amor­te­cer a res­pos­ta a estas medi­das cla­ra­men­te anti­obrei­ras, inclui-se na refor­ma um incre­men­to da indem­ni­zaçom dos con­tra­tos tem­po­rá­rios de 8 a 12 dias de salário/​ano tra­balha­do, mas será apli­ca­do de for­ma gra­dual até o 1 de Janei­ro de 2010. Tra­ta-se de umha coar­cta­da, umha cor­ti­na de fumo para tra­tar de ocul­tar a ver­da­dei­ra natu­re­za da refor­ma labo­ral, já que por sim mes­ma nom poten­cia­li­za a eleiçom entre este tipo de con­tra­to e um con­tra­to inde­fi­ni­do. Há que dizer que na actua­li­da­de a maio­ria dos con­tra­tos tem­po­rá­rios no Esta­do espanhol som em frau­de de lei, já que ou tenhem defei­tos de for­ma ou nom obe­de­cem a cau­sa­li­da­de e objec­to de con­tra­taçom, polo que a indem­ni­zaçom em caso de fina­li­zaçom ou des­pe­di­men­to seria de 45 dias salário/​ano tra­balha­do que ficam bas­tan­te lon­ge dos 12 dias que recolhe a refor­ma labo­ral do PSOE.

Quan­to à con­tra­taçom tem­po­rá­ria, esta refor­ma, ape­sar de que pre­ten­de evi­tar a dua­li­da­de do mer­ca­do labo­ral, nom entra no pro­ble­ma real. Par­tin­do da varie­da­de de moda­li­da­des con­trac­tuais que exis­te no Esta­do espanhol, na refor­ma fai-se refe­rên­cia ao con­tra­to de obra ou ser­viços no qual se esta­be­le­ce umha duraçom máxi­ma de 3 anos pro­rro­gá­vel até 1 ano mais por nego­ciaçom colec­ti­va esta­tal, mas nada se fala dos con­tra­tos even­tuais por cir­cuns­tân­cias da pro­duçom, dos con­tra­tos a tem­po par­cial, dos fixos dis­con­tí­nuos… Inclu­si­ve no con­tra­to de obra abre a por­ta para que o patro­na­to, na nego­ciaçom colec­ti­va esta­tal com CCOO e UGT, poda alar­gar-se até os 3 anos, tal e como acon­te­ce nos sec­to­res da cons­truçom, da pin­tu­ra ou da madei­ra. Há que dizer que a comis­som do Sena­do do pas­sa­do dia 25-08-2010 apro­vou, a ins­tán­cias do PNV, pre­ju­di­car mais os trabalhadores/​ras, já que ago­ra, para reconhe­cer esta relaçom labo­ral inde­fi­ni­da, será pre­ci­so que «a con­ti­nui­da­de seja no mes­mo posto de tra­balho e cen­tro de tra­balho», quan­do antes sim­ples­men­te se fazia refe­rên­cia à mes­ma empresa.

Já para rema­tar, nes­te pri­mei­ro apar­ta­do da refor­ma fica expos­to mas pen­den­te de des­en­vol­vi­men­to em pos­te­rio­res nor­ma­ti­vas o fun­do de capi­ta­li­zaçom, o que se bem deno­mi­nan­do «mode­lo aus­tría­co». Nele @s trabalhadoras/​es farám efec­ti­vo o paga­men­to de quan­ti­da­des a seu favor nos supos­tos de des­pe­di­men­to, mobi­li­da­de, geo­grá­fi­ca ou para for­maçom. No caso de nom reco­rrer a este fun­do, as quan­ti­da­des que lhe corres­pon­dam serám per­ce­bi­das no momen­to da jubi­laçom. O fun­do esta­rá ope­ra­ti­vo a par­tir de 1 de Janei­ro de 2012, sen­do de apli­caçom para todos os novos con­tra­tos inde­fi­ni­dos que se for­ma­li­za­rem a par­tir des­ta data, embo­ra fiquem bas­tan­tes dúvi­das aber­tas sobre o fun­cio­na­men­to do mesmo.

Ape­sar de que este pon­to ain­da nom está des­en­vol­vi­do, nom há que se aven­tu­rar em exces­so para intuir a dire­cçom com a que o governo resol­ve­rá a ques­tom cha­ve, quem con­tri­bui­rá com o dinhei­ro para o fun­do? Ten­do em con­ta que com esta refor­ma há umha rebai­xa nas quo­ti­zaçons à Segu­ra­nça Social do patro­na­to, pode­mos adian­tar quem nom vai con­tri­buir, polo menos sen­si­vel­men­te, para o fun­do. Nom nos deve­ría­mos sur­preen­der se exi­gi­rem que sejam @s própri@s trabalhadoras/​es @s que tives­se­mos que ache­gar para o seu pró­prio despedimento.

Além do mais este sis­te­ma, tal e como fun­cio­na, é umha for­ma de poten­cia­li­zar o des­pe­di­men­to livre, já que se a quan­ti­da­de da indem­ni­zaçom do mes­mo, já está pre­de­fi­ni­da e a cau­sa­li­da­de pra­ti­ca­men­te nom se dis­cu­te, nom tem sen­ti­do recla­mar nada.

2.-Medidas para favo­re­cer a fle­xi­bi­li­da­de inter­na nego­cia­da nas empre­sas e para fomen­tar o uso da reduçom da jor­na­da como ins­tru­men­to de ajus­ta­men­to tem­po­rá­rio de emprego

Se bem o emba­ra­te­ci­men­to do des­pe­di­men­to é umha da medi­das mais des­ta­ca­das des­ta nova agres­som à clas­se tra­balha­do­ra, a refor­ma labo­ral tam­bém inclui umha série de modi­fi­caçons de cala­do con­tra os nos­sos direi­tos, con­tra os movi­men­tos sin­di­cais e con­tra a nego­ciaçom colec­ti­va. A refor­ma inclui medi­das que tenhem como alvo os ali­cer­ces bási­cos da orga­ni­zaçom obrei­ra colec­ti­va, ofe­re­cen­do mais poder ao patro­na­to na hora de tomar deci­sons sobre o nos­so futuro.

Com um rápi­do olhar às medi­das pro­pos­tas dela­ta a inten­cio­na­li­da­de de algumhas das refor­mas incluí­das. Assim, a mobi­li­da­de geo­grá­fi­ca, a modi­fi­caçom subs­tan­cial das con­diçons de tra­balho, a claú­su­la de inapli­caçom sala­rial… som alguns dos pon­tos cha­ves que abor­da a refor­ma na dire­cçom de favo­re­cer os inter­es­ses dos de sempre.

Em quan­to á mobi­li­da­de geo­grá­fi­ca, e con­cre­ta­men­te na que tem um carác­ter colec­ti­vo, os pra­zos redu­zem-se a quin­ce dias, como na maio­ria dos pro­ce­di­men­tos de con­sul­tas tra­ta­dos na refor­ma, quan­do antes eram de 30 dias, e tam­bém poten­cia­li­za umha mediaçom e arbi­tra­gem, como for­ma de evi­tar pos­sí­veis deman­das judi­cias, assim como para para­li­sar a acti­vi­da­de sin­di­cal nos cen­tros de trabalho.

No que se refe­re à modi­fi­caçom subs­tan­cial das con­diçons de tra­balho, des­ta­ca que a refor­ma inclui a dis­tri­buiçom irre­gu­lar da jor­na­da, por tan­to o empre­sá­rio pode­rá impor o horá­rio que desejar, e tam­bém «aque­las con­diçons esta­be­le­ci­das por meio de con­vé­nio ou pac­to colec­ti­vo, ou deri­va­das de umha deci­som uni­la­te­ral do empre­sá­rio de efec­tos colec­ti­vos». Redu­zem-se os pra­zos, tal como no caso de mobi­li­da­de geo­grá­fi­ca a 15 dias, e tam­bém obser­va a pos­si­bi­li­da­de da criaçom de umha comis­som para nego­ciar com­pos­ta por 3 mem­bros a nome do(s) sin­di­ca­tos mais representativo(s), na que se toma­riam as decis­sons com o voto favo­rá­vel da maio­ria. No caso de nom che­gar a acor­do no perío­do de con­sul­tas, os 15 dias, o empre­sá­rio pode­rá apli­car as medi­das com efec­tos aos 30 dias. No caso de que os trabalhadores/​es nom acei­tas­sem as modi­fi­caçons, pode­rá res­cin­dir o seu con­tra­to com umha indem­ni­zaçom de vin­te dias de salá­rio por ano tra­balha­do e um máxi­mo de 9 men­sa­li­da­des, quan­do na actua­li­da­de o máxi­mo era de até 12 mensalidades.

No caso de modi­fi­caçom das con­diçons refe­ri­das ao acor­da­do em con­vé­nio ou pac­to, excluí­dos os casos nom per­mi­ti­dos, e em caso de nom che­gar a acor­do entre as par­tes, poten­cia um pro­ces­so arbi­tral, para, como dizía­mos antes, evi­tar a reacçom dos trabalhadores/​ras.

Na nova refor­ma faci­li­ta-se que as empre­sas empre­gem a cha­ma­da «clau­su­la de “des­cuel­gue sala­rial”. Isto sig­ni­fi­ca que nom teriam que apli­car as aumen­tos sala­riais fixa­dos em con­vé­nio colec­ti­vo ou em pacto(s) de empre­sa. Esta­be­le­ce-se um pro­ce­di­men­to para rea­li­zar esta nego­ciaçom, mar­can­do-se tam­bém um lau­do arbi­tral obri­ga­tó­rio em caso de nom che­gar a acor­do entre as par­tes. Bási­ca­men­te, esta medi­da con­sis­te em tirar ao bal­de do lixo a nego­ciaçom colec­ti­va nos sec­to­res ou nos cen­tros de tra­balho, já que pode­mos estar lui­tan­to por un con­vé­nio colec­ti­vo duran­te meses com con­fli­ti­vi­da­de, lui­tas e gre­ves, quan­do, pos­te­rior­men­te, o patro­na­to tem os meca­nis­mos neces­sá­rios para poder incum­prir o negociado.

Nes­te capí­tu­lo da refor­ma tam­bém se afun­da na ques­tom da sus­pen­som do con­tra­to e a reduçom de jor­na­da por cau­sas, eco­nó­mi­cas, téc­ni­cas orga­ni­za­ti­vas, pro­du­ti­vas ou deri­va­das de força maior, assim como na pro­teçom por des­em­pre­go e reduçom de jor­na­da. Todo em sin­to­nia com o fun­do da refor­ma, na qual é cons­ta­tá­vel a inte­nçom de pas­sar-lhe a fac­tu­ra da cri­se à clas­se tra­balha­do­ra, a con­ta duns fun­dos sufra­ga­dos com dinhei­ro público.

Para con­cluir com esta segun­da par­te da refor­ma, na hora de abor­dar a pro­teçom por des­em­pre­go e reduçom de jor­na­da, é curio­so ver na pro­pos­ta apre­sen­ta­da como se faci­li­tam os ERE´s bem de sus­pen­som ou de reduçom de jor­na­da, onde @s afectad@s pas­sam a cobrar o sub­sí­dio do des­em­pre­go corres­pon­den­te. Na actua­li­da­de a reduçom deve ser como m��nimo de 33%, enquan­to que com a nova refor­ma per­mi­te-se que seja a par­tir de 10% e até um máxi­mo de 70%. Para isto e para poten­cia­li­zar estas actuaçons, boni­fi­ca­rám-se as quo­tas empre­sa­riais em 50% duran­te o perío­do de supen­som ou de reduçom de jor­na­da que con­cluam com acor­do. Con­vém sublinhar que nes­ta epí­gra­fe e para os casos do cálcu­lo do des­em­pre­go se intro­du­ziu um emen­da para rea­li­zar o cálcu­lo por horas, em vez de por dias (como se fazia actual­men­te). É curio­so com­pro­var nes­te caso como o auto­no­mis­mo repre­sen­ta­do polo BNG se uniu ao PP para apro­var esta emen­da na ses­som da Comis­som do Sena­do do pas­sa­do 25 de Agos­to. Nom há melhor for­ma de rejei­tar umha refor­ma que par­ti­ci­par na mesma.

3.-Medidas para favo­re­cer o empre­go da juven­tu­de e das pes­soas desempregadas

A dire­cçom da sex­ta refor­ma, e de todas as ante­rio­res é cla­ra. As medi­das para favo­re­cer o empre­go con­sis­tem em con­tri­buir com quan­ti­da­des escan­da­lo­sas para o patro­na­to, por redu­zir as quo­ti­zaçons à Segu­ra­nça Social e por poten­cia­lizr tipos de con­tra­tos do esti­lo do de formaçom.

Assim, as quan­ti­da­des de dinhei­ro pago por con­tra­to no caso do inde­fi­ni­do para o fomen­to do empre­go, som umha boa mons­tra dos cri­té­rios que se seguem nas polí­ti­cas labo­rais tan­to do PSOE ago­ra, como do PP no pas­sa­do. Veja­mos alguns exemplos:

- Tra­balha­do­res entre 16 e 30 anos des­em­pre­ga­dos 800 €/​Ano (Máx 2.400 €)

- Tra­balha­do­ras entre 16 e 30 anos des­em­pre­ga­das 1.000 €/​Ano (Máx 3.000 €)

- Tra­balha­do­res maio­res de 45 anos des­em­pre­ga­dos 1.200 €/​Ano (Máx 3.600 €)

- Tra­balha­do­ras maio­res de 45 anos des­em­pre­ga­das 1.400 €/​Ano (Máx 4.200 €)

- Trans­for­maçom inde­fi­ni­dos con­tra­tos * (homens) 500 €/​Ano (Máx 1.500 €)

- Trans­for­maçom inde­fi­ni­dos con­tra­tos * (mulhe­res) 700 €/​Ano (Máx (2.100 €)

Man­tém-se nes­te caso a linha mar­ca­da em ante­rio­res refor­mas e medi­das labo­rais que tam pobres resul­ta­dos dérom para a clas­se tra­balha­do­ra, mas que supu­gé­rom ingen­tes ren­di­men­tos para o patronato.

Escla­reça­mos ain­da que nes­ta epí­gra­fe até se modi­fi­cou, tam­bém na comis­som de tra­balho do Sena­do, o perío­do que tinham os empre­sá­rios para subs­ti­tuir os trabalhadores/​as com con­tra­tos boni­fi­ca­dos, pas­san­do até os dous meses (antes era 1 mês), em caso de mor­te, jubi­laçom, demis­som, incapacidade…

Outro dos aspec­tos des­ta­ca­dos des­ta ter­cei­ra par­te con­sis­te na poten­cia­li­zaçom do con­tra­to de for­maçom para o qual se apli­cam várias modi­fi­caçons com res­pei­to ao cri­te­rio actual. A pri­mei­ra é que até o 31 de Dezerm­bro de 2011, boni­fi­ca-se o con­tra­to de for­maçom é boni­fi­cam-se a tota­li­da­de das quo­ti­zaçons à Segu­ra­nça Social sem­pre que suponha um incre­men­to do qua­dro de pes­soal. Alar­ga-se a acçom pro­tec­to­ra da Segu­ra­nça Social para este tipo de con­tra­tos incluin­do o des­em­pre­go, mas as empre­sas esta­rám isen­tas, tal como dizía­mos, de fazer as con­tri­bu­tos para o sistema.

Além dis­to alar­ga-se até 31 de Dezem­bro de 2011 a ida­de máxi­ma para rea­li­zar este tipo de con­tra­tos pas­san­do para 24 anos, quan­do na actua­li­da­de som 21 anos.

Como bem é sabi­do este tipo de con­tra­tos tem umha remu­ne­raçom bas­tan­te infe­rior aos outros mode­los con­trac­tuais. Ain­da que os con­vé­nios colec­ti­vos vaiam poder mar­car a quan­ti­da­de das retri­buiçons des­ta moda­li­da­de de con­tra­to, em todo caso o caso deve de ser como míni­mo o salá­rio míni­mo inter­pro­fis­sio­nal. A nível de quo­ti­zaçom à Segu­ra­nça Social, e que mar­ca­rá tam­bém as futu­ras pres­taçons por des­em­pre­go, a base é a míni­ma e por­tan­to a per­ce­pçom tam­bém nom pode­rá ser supe­rior ao SMI.

Em todo o caso, esta nova refor­ma fai da juven­tu­de um dos seus alvos. Medi­das tais como a poten­cia­li­zaçom do con­tra­to de for­maçom vam na linha de con­tri­buir com mao de obra bara­ta para o patro­na­to, que obtém con­diçons mui bene­fi­cio­sas para con­tra­tar jovens, enquan­to que as con­diçons labo­rais que estas pade­cem nom param de piorar.

4.- Medi­das para a melho­ria da inter­me­diaçom labo­ral e sobre a actuaçom das empre­sas de tra­balho temporário

O recolhi­do nes­ta últi­ma refor­ma labo­ral no refe­ri­do à actuaçom das Empre­sas de Tra­balho Tem­po­rá­rio (ETT´s), vam na mes­ma linha das ante­rio­res, tan­to as apro­va­das em épo­cas de «cres­ci­men­to» ou cri­se capitalista.

His­to­ri­ca­men­te, as legis­laçons labo­rais tra­tá­rom com enor­mes receios a actuaçom das agên­cias retri­buí­das de colo­caçom com fins lucra­ti­vos. Nom seria até finais da déca­da de noven­ta do pas­sa­do sécu­lo, quan­do a Orga­ni­zaçom Inter­na­cio­nal do Tra­balho, revi­sa a sua tra­di­cio­nal posiçom a res­pei­to das agên­cias de empre­go pri­va­das e reco­men­da a sua lega­li­zaçom, pro­vo­can­do assim a sua irru­pçom no orde­na­men­to jurí­di­co espanhol ain­da que de fac­to já vinhes­sem fun­cio­nan­do em sec­to­res con­cre­tos com umha for­ma simi­lar à actual.

A ampla e nefas­ta expe­riên­cia acu­mu­la­da des­de que em 1999 se lega­li­za no Esta­do espanhol a actuaçom des­tas agên­cias «sem fins lucra­ti­vos», seria já sufi­cien­te para con­tes­tar umha refor­ma que enquan­to pre­ten­de com­ba­ter a tem­po­ra­li­da­de amplia os cam­pos de actuaçom e eli­mi­na as res­triçons que ain­da pesa­vam sobre as ETT´s. Para começar, des­de já, pode­rám começar a actuar, pra­ti­ca­men­te sem limi­tes, no sec­tor da cons­truçom e no da Admi­nis­traçom Pública.

A refor­ma, além de lega­li­zar as agên­cias pri­va­das com fins lucra­ti­vos, pra­ti­ca­men­te colo­ca na mes­ma altu­ra as ETT´s e as agên­cias públi­cas de colo­caçom, abrin­do a pos­si­bi­li­da­de à pri­va­ti­zaçom des­tas últi­mas sob a fór­mu­la de cola­bo­raçom com as ETT´s.

É cha­ma­ti­vo como se emen­dou em comis­som do mês de Agos­to o cha­ma­do «tem­po de graça» de que dis­punham as desempregadas/​os para rejei­ta­rem ofer­tas for­ma­ti­vas por par­te dos ser­viços públi­cos de empre­go, pas­san­do de 100 para 30 dias. A medi­da, que tem real­men­te pou­co de efec­ti­va do pon­to de vis­ta objec­ti­vo, sim pre­ten­de, mais umha vez, dar essa ima­gem de que a cul­pa de que exis­tam tan­tas pes­soas no des­em­pre­go é delas pró­prias e, por­tan­to, começa já a intro­du­zir umha mais que pos­sí­vel refor­ma do sis­te­ma de pres­taçons do INEM (já anun­cia­da em varias oca­sions) e que, tal como no ano 1994, pre­ten­de cor­tar mais ain­da os direi­tos das pes­soas desempregadas.

Tam­bém pode­ría­mos mar­car um quin­to blo­co, além dos qua­tro capí­tu­los ante­rio­res, for­ma­do polas Medi­das para pro­mo­ver a igual­da­de entre mulhe­res e homens no trabalho

A escas­sez e fra­que­za efec­ti­vas das medi­das recolhi­das com o objec­ti­vo de asse­gu­rar a igual­da­de efec­ti­va entre mulhe­res e homens no terreno labo­ral, con­tras­ta com as extra­or­di­na­ria­men­te nefas­tas con­se­qüên­cias que o estí­mu­lo da con­tra­taçom a tem­po par­cial que pro­mo­ve a refor­ma para as tra­balha­do­ras. Sen­do as mulhe­res as prin­ci­pais víti­mas de este tipo de con­tra­taçom, a refor­ma ser­vi­rá para refo­rçar a pre­ca­rie­da­de que de fac­to já sofrem de manei­ra espe­cí­fi­ca e acres­cen­ta­da com res­pei­to aos homens, as trabalhadoras.

Por últi­mo e den­tro das modi­fi­caçons da nor­ma ini­cial, acon­te­ci­da nas comis­sons de tra­balho tan­to no Con­gres­so coma no Sena­do do Esta­do espanhol duran­te os meses de Julho e Agos­to, deve­mos assi­na­lar que tam­bém se mudá­rom os seguin­tes aspec­tos (além dos já expos­tos com anterioridade):

Modi­fi­caçons Comis­som Tra­balho Con­gres­so (29 Julho 2010).

Quan­to à bai­xa por doe­nça, intro­duz-se umha emen­da que con­sis­te em que as inspectoras/​res da Segu­ra­nça Social pode­rám emi­tir a alta médi­ca a todos os efei­tos a par­tir do quar­to dia de bai­xa. Até ago­ra eram catorze.

Rea­li­zam-se modi­fi­caçons na epí­gra­fe de absen­tis­mo, recolhen­do aí como moti­vo de des­pe­di­men­to a fal­ta de assis­tên­cia ao tra­balho, ain­da jus­ti­fi­ca­da, que alcan­ce os 20% de dias hábeis em dous meses con­se­cu­ti­vos ou de 25% em qua­tro dis­con­tí­nuos num ano e afec­tem 3% da pessoal.

Modi­fi­caçons Comis­som Tra­balho Sena­do (25 Agos­to 2010).

Além das já expos­tas, há que indi­car a apro­vaçom dumha dis­po­siçom adi­cio­nal para abor­dar a revi­som no futu­ro da relaçom labo­ral das pes­soas com minusvalia.

Em defi­ni­ti­vo, como dizía­mos, o trá­mi­te par­la­men­tar, emen­da após emen­da, nom está mais do que a recru­des­cer a pró­pria refor­ma labo­ral apre­sen­ta­da no mês de Junho.

* Con­tra­tos for­ma­ti­vos, de rele­vo e subs­ti­tuiçom por ante­ci­paçom da ida­de de jubilaçom.

Comi­té Cen­tral de Pri­mei­ra Linha

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