Que o projecto político independentista a construir a meio prazo nom se levantará sobre umha única legitimidade fundante, mas sobre a superaçom e a síntese de todas as dispostas a fazerem um exercício de generosidade, é umha verdade tam óbvia que apenas os mais túçaros e seitários se empenham em negar. Hoje, agitar na esfera do debate a retórica de que “nós” somos em exclusiva o independentismo histórico, o independentismo de classe, o independentismo revolucionário, o novo independentismo, ou procurar na noite dos tempos legitimidades que levam anos sem renovar-se, resulta um exercício tam triste e ridículo, vistas as dimensons políticas e organizativas e a influência social das pequenas tribos envolvidas nesta modalidade de auto-bombo, que só se pode compreender como sinal inequívoco de seitarismo, de auto-afirmaçom tribal compulsiva e de absoluta carência de perspectiva de país e de movimento.
Assim é que podemos interpretar o recente, e intranscendente, anúncio formal de abandono das iniciativas soberanistas “de mínimos” por parte dum grupúsculo auto-denominado independentista: umha expressom pura da obsessom com o particularismo ideológico diferencial, o dirigismo e a incapacidade para pensar “em grande”, “em país” e “em somar”. Com certeza, é tam legítimo abandonar o carril principal por onde hoje madurecem os processos de unidade na acçom e reorganizaçom patriótica, como evadir-se por quaisquer dos desvios laterais que encalham em branhas intransitáveis, mas tal decisom define para quem a adoptar um perfil inconfundível.
Mais preocupante que esta persistência no erro seitário em processos onde o MLNG se joga o futuro é, contodo, a prática tam presente entre nós da ambigüidade calculada, do ser e o nom-ser simultáneos, da falta de implicaçom na construçom das dinámicas que nos levam à Casa Comum que se concilia com as declaraçons favoráveis a “somar”, da praxe esquizoide de por umha vela a deus e outra ao dianho porque-nom-vaia-ser-que, do pánico a perder a comodidade cálida do minifúndio conhecido e familiar e superar essa guerra sanguenta entre pequenas tribos engalanadas com as suas pinturas ideológicas que tam cara e divertida resulta ao ocupante que nos observa.
O carril principal, onde se juntam legitimidades e perspectivas diversas, distintas geraçons, ideologias e procedências, combatividade e cintura política, abnegaçom militante, vontades de construir a Casa desde abaixo, com prudência e determinaçom e desejos de superar umha fase da nossa história caracterizada pola atomizaçom e o conflito, esse carril é, pesar a quem pesar, com todas as consequências, com todas as dificuldades, o caminho do futuro. Nom nos enganemos. É um carril que virá condicionado de modo transitório polo agir de poderosos personalismos e egocentrismos grupais, por temores atávicos e por pánicos de quem só sabe ser “vanguarda” dentro do gueto homogeneizado e controlado. No entanto, o movimento independentista galego avança face a sua madurez e temos a certeza de que saberá fazer deste tipo de lastres um recordo do passado que convide a um lene sorriso.
Nós, seguimos confiando no Povo. Sabemos que, mais cedo do que tarde, construirá umha das ferramentas imprescindíveis para a sua liberaçom. É questom de tempo, de paciência e de determinaçom colectiva. Porque avançamos polo carril principal e portamos a razom da diversidade e a unidade dos que conhecem, com o coraçom e o cérebro, o essencial da causa galega.
Manuel Leirado.