Crise que não cessa e precariedade que alastra: É necessária uma resposta em forma de luta de classes
Resumo semanal da atualidade na Galiza da semana de 21 a 28 de Novembro de 2010
A Galiza continua a acumular conflitos laborais e raiva dos de baxo, com sucessões de ERE’s, despedimentos colectivos e protestos das vítimas de uma crise que veio imposta pelos que mais lucros tiram dela.
Dados oficias demonstraram mais uma vez nos últimos dias como a crise está a castigar com força a Galiza. Assim, no verao resgistou-se um crescimento do desemprego de 1,7 pontos e uma perspectiva de destruição de emprego sem data de finalização. As mesmas instâncias oficiais acham que em pouco mais de um ano poderemos atingir os 30% de desemprego.
Mais um dado, desvendado pela CIG: 25% das pessoas assalariadas na Galiza cobram igual ou menos que o salário mínimo, enquanto 1% da população galega açambarca 25 – 30% do PIB da nossa nação. As desigualdades são transparentes e gritantes.
A resposta sindical está a ser pouco mais do que morna, com os sindicatos de obediência espanhola desaparecidos (CCOO-UGT) e a CIG a tentar dinamizar, sem demasiado entusiasmo, uma resposta que lhe permita chegar a convocar uma nova greve geral, esta de carácter nacional galego. Na quinta-feira 18 de Novembro, vários milhares de trabalhadores e trabalhadoras galegas saíram às ruas das principais comarcas urbanas do País contra as reformas regressivas do capital e dos governos espanhol e autonómico.
As mobilizações nas empresas também se sucedem: contra o ERE de Povisa (sanidade privada) que afetará 1.200 trabalhadoras e trabalhadores em Vigo; contra a repressão sindical na recolha do lixo de Ourense; em defesa do sistema público de transporte sanitário galego, os desempregados na comarca do Condado; contra os despedimentos na empresa de serviços Aquagest de Betanços; por umhas condições e um convénio digno no telemarketing da Corunha; contra a mobilidade forçosa na administração pública…
Entretanto, o presidente espanhol a confirmou nesta mesma semana a sua intenção de impor novas reformas de corte neoliberal contra os direitos sociais e laborais da maioria. Serão 15 reformas em 15 meses, se não houver resposta suficientemente contundente nas ruas.
Contudo, a maior mobilização da semana aconteceu ontem mesmo, na capital galega: milhares de pessoas contra as ameaças da Junta da Galiza, em mãos do PP, de estender uma ofensiva privatizadora contra o sistema público de saúde, com a qual Núñez Feijó quer imitar a sua homóloga madrilena, a ultra-liberal Esperanza Aguirre.
A esquerda revolucionária galega, nas suas diferentes «famílias», tem demonstrado a sua disposição à luta, mas a sua fraqueza impede-lhe ainda situar-se à frente do movimento popular com os sectores mais avançados do mesmo.
Se as respostas se limitarem a fazer de conta que se faz, tudo poderá acabar no desencanto e na derrota. Porém, se a aposta na luta for real, o povo reponderá positivamente, com tem demonstrado no passado. Eis o desafio a que deverá responder o sindicalismo nacional e de classe, escolhendo entre ficar submetido aos interesses eleitoreiros do BNG ou fundir-se com os interesses da classe trabalhadora, essa que, como central operária, deve representar.
Os próximos tempos trarão a resposta…